Nível de escolaridade

Publicado em Atualizado em

Apesar dos progressos, Portugal mantém uma posição bastante desfavorável no contexto dos países europeus no que diz respeito ao nível de escolaridade da sua população.

 

Portugal era o país da UE28 cuja população adulta tinha, em 2017, níveis de escolaridade mais baixos. Mais de metade da população residente com idade entre os 25 e os 64 anos não tinha ido além do ensino básico (ISCED 0-2), resultado que apenas tem comparação com o registado por Malta. No países da UE28, o valor deste indicador é de 22% e em alguns Estados-membro provenientes do leste europeu ou do Báltico menos de 10% da população adulta tem baixos níveis de escolaridade.

Em relação ao ensino de nível intermédio, apenas Espanha apresenta um resultado pior do que Portugal. A proporção da população residente em Portugal que não foi além do ensino secundário ou pós-secundário fixou-se em cerca de 24%, um pouco mais de metade do valor apurado para o conjunto de países da UE28.

A proporção da população adulta que em Portugal concluiu o ensino superior é semelhante à da população que não foi além do ensino secundário, o que é um facto sem paralelo no contexto europeu. Na verdade, a proporção da população que em Portugal tem níveis elevados que qualificação escolar é 7,4 p.p. mais baixa face ao registado para a UE28 – essa desigualdade é de cerca de 22 p.p. quando se analisa a escolarização secundária ou pós-secundária.

Em 20 dos países europeus em causa no Quadro 1, 80% ou mais da população concluiu pelo menos o ensino secundário. Em Portugal, esse valor é de cerca de 48%.

 

Quadro 1

A incidência da conclusão do ensino superior entre a população feminina é mais elevada face ao observado nos homens em quase todos os países europeus incluídos no Quadro 2. Em vários deles, essa desigualdade é superior a 10 p.p. (quase 20 p.p. na Estónia), no conjunto dos países da UE28 esse valor é de 3,9 p.p. e em Portugal de 9,3 p.p.. Em termos relativos, a desigualdade registada em Portugal entre mulheres e homens no que à conclusão do ensino superior diz respeito é das mais elevadas no universo dos países analisados: a taxa de conclusão do ensino superior entre as mulheres é quase 50% superior à verificada no seio da população masculina, muito acima, portanto, dos 13,2% apurados para o conjunto da UE28.

Quadro 2

O Quadro 3 contém informação acerca da proporção da população de países europeus que concluiu um nível de ensino intermédio e superior, por coorte etário. O grupo dos 25-34 anos é o que regista níveis de qualificação escolar de nível intermédio e superior mais elevados na generalidade dos países. Essa tendência é particularmente evidente quando se tem em causa apenas o ensino superior. Mas se na Finlândia apenas dois p.p. afastam a incidência do ensino superior no grupo dos 25-34 anos face ao registado no coorte etário mais velho, em Portugal esse hiato é de quase 21 p.p.. Quando se tem em consideração ambos os níveis de escolarização encontram-se igualmente diferenças intra-europeias expressivas: na Alemanha, a proporção da população com idade entre os 25-34 anos que concluiu pelo menos o ensino secundário é semelhante à registada no grupo etário mais velho, e nos países do Báltico verifica-se mesmo uma inversão da tendência geral – os mais velhos têm níveis de escolaridade secundária ou superior um pouco acima do apurado para aquele coorte etário.

A análise do perfil escolar da população portuguesa por grupo etário permite constatar que existe uma recomposição educativa bastante vincada: 58% da população com idade entre os 20-24 anos concluiu o ensino secundário, um valor quatro vezes mais elevado em comparação com o registado na população com 55-64 anos, e em linha com os valores apurados em países como a Bélgica, a França, a Islândia, o Luxemburgo, ou a Noruega, e a acima do valor de Espanha (ainda assim, 7 p.p. abaixo da média da UE28); quanto à escolarização de nível superior, a sua taxa é 2,6 vezes mais elevada na população com 25-34 anos face ao observado no grupo etário mais velho considerado no Quadro 3 – a proporção da população de Portugal com idade entre os 25-34 anos que concluiu o ensino superior (34%) é próxima da registada em países como a Alemanha, a Croácia, a Eslováquia, ou a República Checa. Na maior parte dos países do centro e do norte da Europa, mas também em Itália, em Espanha e na Grécia, o valor deste indicador é superior a 40%.

Quadro 3

As figuras 1 e 2 dão conta da evolução da proporção da população da UE28, da UE15 e de Portugal que concluiu pelo menos o ensino secundário e o ensino superior, respetivamente. Em ambos os casos, constata-se que ao longo de todo o período existem desigualdades de recursos educativos bastante vincadas entre Portugal e os países da União. Em 1992, apenas 20% da população portuguesa tinha concluído pelo menos o ensino secundário – ou seja, 80% não tinha ido além do ensino básico – e apenas 10,5% tinha concluído o ensino superior. No período analisado, ambos os indicadores mais do que duplicaram. Ainda assim, as distâncias verificadas face aos países europeus considerados não se atenuou de forma significativa. Em certa medida, aprofundaram-se até: em 1995, a diferença entre a proporção da população que concluiu o ensino superior em Portugal face à apurada ao nível da UE15 era de 6,4 p.p.; em 2017, esse hiato era de 8,8 p.p.. Na verdade, esse hiato aumentou de forma significativa até 2002 (12,5 p.p.), estabilizou nos anos seguintes em torno dos 12/11 p.p. e, a partir de 2011, tem vindo a diminuir.

Se a análise atentar na evolução da população que concluiu pelo menos o ensino secundário, constata-se que houve uma aproximação de facto entre os valores de Portugal face ao da UE15: em 1995, o valor apurado para o conjunto de países da UE15 era 33,6 p.p. mais elevado face ao de Portugal, em 2017 essa desigualdade, embora ainda muito expressiva, decaiu para 27 p.p.. Esta aproximação deve-se, no essencial, ao facto de a taxa de conclusão de um nível de ensino intermédio ter aumento de forma mais intensa em Portugal do que naquele conjunto de países: cerca de 13 p.p. e 4 p.p., respetivamente.

Para uma análise mais detalhada destes valores consultar o Quadro 4.

Figura 1

Figura 2

Quadro 4

Ver dados em Excel: Nível de escolaridade

Atualizado por Frederico Cantante